sexta-feira, 27 de abril de 2012

Sobre a felicidade

Felicidade é uma coisa engraçada. Não necessariamente porque te provoca risadas (hahahaha) mas porque surge de onde você menos imagina, quando você menos espera e faz associações inusitadas com suas lembranças e sentimentos. Pode ser um cheiro (suor, baunilha, pão quentinho no forno...), um som (uma música, barulho de chave, de carro...), uma imagem (fotos, vídeos, lugares...), um gosto (aquela comida deliciosa, um beijo, um sorvete...) ou mesmo uma textura (a roupa, os cabelos, a pele...). Felicidade pode acontecer numa simples mensagem em meio às turbulências de um dia difícil. Felicidade pode ser aquele encontro por acaso com o amigo que você não via há tempos. Pode vir vestida de homem, batendo na sua porta meio dia, te raptando pro almoço. Pode ser a tímida declaração de amor inclusa no bom dia. Pode ser o próprio dia, ensolarado ou chuvoso, te convidando pra sair ou dormir abraçado e gostoso. Felicidade é viver com gosto, não poupar os sentidos, enfrentar de peito aberto todas as circunstâncias e aproveitar cada instante. Felicidade é e-mail de parente distante, namorado cantante, livro novo na estante. Felicidade é chocolate, amizade verdadeira, empate entre seu time e o do seu pai, primo com quem você se identifica e sai. Felicidade é trocar roupas com sua mãe, ouvir canções antigas com sua avó, costurar com a vizinha da sua tia, ignorar a pia lotada e ficar de preguiça todo o domingo. Felicidade é ser sexta-feira e poder dormir com seu gatinho, ganhar carinho e beijinho. Tomar cerveja gelada com os amigos, jogar, brincar, correr perigos. É ver revelar-se no cotidiano, momentos delicados se misturando, pouco a pouco, aos hábitos. É aceitar defeitos e diferenças, tendo os seus também compreendidos. É ter companhia pra alegria e ver o amor crescer dia após dia. É encarar desaforos como música pra se dançar, sentir no cansaço convite pra se renovar e acreditar que tudo, sempre, vai melhorar.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás

Houve um tempo em que tudo era simples e meus maiores problemas eram as dores de amores e as briguinhas com as coleguinhas. Cresci, endureci e a vida se abriu, nua e crua, pra mim. Hoje luto pelo meu sustento e independência, valorizo mais companhia verdadeira que paixões derradeiras e tenho meia dúzia de amigos com quem posso contar. O resto é só pra farrear, rir, brincar... quando sobra tempo e dinheiro pra gastar. Tive que fazer escolhas e tomar difíceis decisões. Preferi me livrar das confusões, o silêncio é um alívio. Precisei enfrentar o medo e abrir mão de alguns sonhos, por hora. Minha vida é agora! E agora eu não sou mais a irmã mais velha que assume o papel da mãe, nem a filha que conta com a mãe e se preocupa em orgulhá-la. Não sou a amiga que cuida dos outros e abriga a todos. Não me arrependo de, um dia, ter sido essa guria. Só que ela se foi quando algo, em mim, morreu. Renovação começa onde o velho acaba e eu acabo de endurecer. Sem, claro, a ternura perder.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Pra te tocar

Enquanto sua alegria puder me alegrar
Vou te amar
Cada vez que um sorriso seu me fizer rir
Vou voltar
Toda vez que um bom dia seu me acordar
Feliz, o dia vou encarar
A cada vez que sua guitarra, pra mim, soar
Vou, novamente, me apaixonar
Se um cheiro seu continuar no ar
Com mais vontade vou ficar
Espero graça achar
De toda bobagem que você falar
Contigo me divertir
Em cada canto que a gente for
Fazer, realmente, existir
Não só pra mim o nosso amor

O que não deve ser dito mas não quer calar

Engraçado lembrar as vezes que a ouvi se queixar de você. Dos seus dramas e ciúme doentio, do seu problema que você não aceita tratar, da sua forma de querer tudo e todos controlar. Me lembro de ter sido - por ela - alertada de que você era difícil de lidar e que eu não iria, por muito tempo, suportar. Lembro das fugas e das histórias que inventamos pra você não nos alcançar, da preguiça que tínhamos do seu lamentar, da leveza dos encontros ao você se ausentar. Sempre soube que chegaria um dia em que eu teria que me afastar mas não pensei que, quando acontecesse, ela iria te acompanhar. Sinto falta dela e de todos os momentos que passamos juntas. Ao mesmo tempo, me pergunto se foi verdadeiro, se ela não foi, comigo também, hipócrita e mentirosa. De qualquer forma, a vida foi maravilhosa. Se não houvesse nosso encontro, a amizade de vocês estaria abalada da forma que estava quando eu te conheci e eu não teria conhecido amores e amigos que, por você, vieram a mim. Só posso te agradecer. Obrigada pelas pessoas que você colocou no meu caminho e que, hoje, não vivo sem. Obrigada por me mostrar a hipocrisia de pessoas que eu achava que conhecia e que, por um vacilo, passei a amar. Obrigada por tirar do meu caminho o que me impedia de desatar os nós e fazer novos laços. Passar bem, abraços.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O que me falta e o que preciso aprender

Me preocupar
Com você
Não faz você me amar

Declarar
Meu amor
Não faz você me olhar

Reclamar
Seu olhar
Só faz tudo piorar

Demonstrar
Minha insegurança
Não me traz mais confiança

Sem perder
A esperança
Me resta apenas aprender

Silenciar
Minha criança
Crescer
Nada mais esperar
Viver
Em segredo, te amar

domingo, 22 de abril de 2012

Bom é se entregar

E eu me vejo babando, olhando ele dormir. Me pego gritando pelo guitarrista ali. De repente, dou risada, sozinha, lembrando nossas gracinhas. A cerveja que eu tomo é a dele. O cheiro que eu quero sentir é da sua pele. O som que desejo ouvir é da sua voz. Não há nada como desatar os nós, se apaixonar e, tranquila, os olhos fechar pra com ele sonhar. Bom mesmo é, sem medo, se entregar e amar.

sábado, 21 de abril de 2012

Partir, voar...

E, de repente, eu me vejo rolando de rir. Curto a gente e resolvo que vou deixar, o que quiser, partir. Entendo que é natural e vejo a vida se encarregando de me afastar do que me atrasa. Me sinto, cada vez mais, em casa. Não cortaram minha asa junto com meu ser. Ainda posso voar enquanto são as coisas que quiserem ser.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Móbile



Normalmente não me emociono com casamentos. Acho chato, careta, tedioso. Mesmo quando são pessoas muito próximas e queridas, que estejam muito felizes com a união, comemorando com muito bom gosto, alguma coisa sempre me incomoda e eu fico desconfortável até o álcool me subir à cabeça e alguma música agitada começar a tocar. Nunca fui adepta a rituais e quanto mais tradicionais, menos interesse me despertam. Já quis me casar. Depois não quis mais. Hoje, penso apenas em me juntar a alguém pra ter um lar, uma família, um dia, quando eu for ter meus filhos. Talvez eu faça uma festa pra comemorar. Por enquanto, mantenho-me à distância para - apenas - opinar sobre as vestimentas e a decoração. E devo dizer, de coração, que é a primeira vez que me derreto completamente com os preparativos de um casamento. Eu mal conheço a Cris. Troquei umas poucas palavras e e-mails com ela, por motivos sempre profissionais e guardo, com carinho, uma sandália que comprei em seu bazar. Mesmo que eu não a conhecesse além da tela do computador, sua história sempre me comoveu e moveu. Sempre pensei comigo que se aquela mulher linda passou por tanta barra pesada e foi tão forte transformando tudo o que podia ser um desastre numa linda história, eu poderia enfrentar, também, qualquer adversidade. Cris é pra mim exemplo de beleza, bom gosto e simplicidade mas, principalmente, de força e sensibilidade. Talvez por isso eu esteja aqui, babando com o amor, a inspiração, os preparativos, a festa e o convite dela e, torcendo pra que ela seja muito, mas muito feliz mesmo, todos os dias, nos permitindo sempre acompanhar a alegria estampada em seu visual. Tudo de bom ao casal.



A foto é do casamento dos meus pais *-*

Ver com olhos livres (e bem abertos)


Quis ver o mundo com olhos livres, principalmente de pré-conceitos, e parece que meu pedido foi atendido. Tenho visto um mundo atrevido a me surpreender minuto após minuto e deixado ser as coisas que andam querendo ser. Umas, muito boas, fazem a alegria em mim viver. Outras me machucam, decepcionam, magoam, fazem-me perder... Me perder. E me encontrar. Acho que só quem se perde se encontra porque perder-se também é caminho. As coisas simplesmente se vão, quando são em vão. Deixo tudo ir. Esvazio-me de mim. Coisas novas quero ver. Comigo só o que valer. Pra renovar meu ser, não apenas com olhos livres, mas também muito bem abertos, quero ver.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Vem comigo!


Come on, baby!
Transformar esse limão em limonada
Passar da solidão pra doce amada
Pegar um trem pra próxima ilusão
Segurar esse rojão, metade cada
Seguir o coração em disparada
Numa estrada que só tem a contramão
Arriscar num passe, só de palhaçada
Faz de conta que o que conta, conta nada
Apostar na falta de exatidão
Repartir toda noite em vários dias
Repetir tudo que seja alegria
E sonhar na corda bamba da emoção
Voar sem avião, sem ter parada
Inverso da razão ou tudo ou nada
Fazer durar a chuva de verão
Você e eu, luar, beijos, madrugada...
A vida não tá certa nem errada
Aguarda apenas nossa decisão

Tudo ou nada, do Itamar Assumpção e da Alice Ruiz na voz de Zélia Duncan.

terça-feira, 17 de abril de 2012

O bêbado e a equilibrista

Gostar
É complicado
Errar
Não é pecado
Tentar
Não custa nada
Desistir
Outra piada
Seguir
A longa estrada
Sozinha
Ou acompanhada
Não vou parar agora
Preciso ir embora
Seu egoísmo existe
Meu sentimento
Insiste
Esse momento
É seu
Já passei pelo meu
Difícil equilibrar
Mais fácil se alguém
Ajudar
Posso estar com você
E ir além
É só você querer
O que eu não posso é passar
Meus dias a me equilibrar
Enquanto você prefere
Apenas cambalear

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Caso sem solução


Ferida, a fera sofre a tentação de se vingar. Arisca, deseja nunca mais se entregar. Crescendo, almeja regredir e, egoísta, voltar a ficar. Magoada, pensa nunca mais confiar. Bonita, acredita poder, por outros campos, se aventurar. Aflita, imagina formas de se perder e se encontrar. Doída, não vê mais forma de confiar. Machucada, não sabe como o amanhã será e deseja mudar. Confusa, entende que não conseguirá. Intensa, fria não consegue se mostrar. Bethânia, sabe que, no fundo, continua e continuará a sangrar.

"Não vou mudar, esse caso não tem solução. Sou fera ferida, no corpo, na alma e no coração."

B


Terça, 11 de janeiro de 2011.


De bem que veio fazer parte do bê-a-bá no meu belveder berrante.
Fez mais belo o meu Belo Horizonte.
Ele, bendito benjamim, bem-humorado beato, mais novo belo-horizontino com quem divido, agora, a beatitude desta bernarda que é minha morada.
Meu bebê, bêbado à beça que besunta tudo aqui com sua beleza e me mata de rir com suas surpresas.
Bem-aventurada a beira do meu bem-querer, bem-amado, o bê que me faz beata.
Berro: bem-bom viver!

domingo, 15 de abril de 2012

Acontecimentos


E, de repente, acontece. Aquele beijo, aquele encontro, aquele e-mail, aquele emprego, aquela mentira, aquela mudança. Acontece quando você menos espera, quando você acha que perdeu a esperança. Vem e espera que você aguente. De alegria, felicidade, empolgação, decepção. Vem com uma vontade de reagir, de agir diferente diante do que surgir. Vontade de seguir e sorrir. Vontade de se vingar, de desistir. De recomeçar, de resistir. Você precisa, ainda, resistir ao turbilhão de vontades se chocando em você. Você precisa crescer. Todos os dias, recomeçando. Sorrindo ou chorando, vou andando.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Achei!


Companhia pras farras da vida, que comigo, se diverte, sem frescura ou medo de se sujar. Não me pede pra parar de cantar, ainda que eu desafine ou erre a letra. Não se incomoda com minhas dancinhas bizarras e até ri delas. Ri de mim, e comigo. Não pode me ver chorar, meu amigo. Não tem medo de parecer ridículo. Faz declarações e surpresas, do jeito sem jeito dele, mas faz. Um tanto de calor pra minha cama traz. É inteligente. Não tem vergonha de mim e não se incomoda com minha insanidade. É gente. Curte e comenta algumas coisas que eu publico. Não me engana. Diz que não, mas já me ama.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Fome, sono e outras vontades


Quis tanto que fiz minha casa revirar. Fui ao São Gabriel por alguns. Engoli o pão (não o que o diabo amassou), pisei firme o chão, fugi da dor e alguma glória eu encontrei no nosso amor. Desabam complexos, desabam convicções. Estamos fazendo o que podemos para consertar os corações. As ondas se elevam e encharcam todo o lar, vou seguindo neste mar. Estou cansada e não posso -nem quero - parar. Daria tudo por um tempinho pra minha fome matar, meu sono afastar e acordada, no seu corpo, sonhar.

Sobre aprender a descansar


Bethânia, não sou uma boa equilibrista. Estou mais pra um bêbado artista. Caminho na corda bamba das minhas emoções. Sigo em todas as direções. É o vento me leva. A música me eleva. Seu amor me conserva. Não sei o que a vida me reserva. Muitas vezes fui feliz. Várias delas, por um triz. Aprendo, tarde, a encenação: sou uma péssima atriz. Vou onde aponta o meu nariz, sigo só o que o coração me diz. Preciso aprender a ser forte mesmo quando perder o norte. Devo confiar no futuro e em ti descansar, seguro. Vou aprender e me controlar, eu juro! Se você me notar até no escuro. Não quero mais nenhum apuro, só nosso amor. Priorize. Rabisque no muro. Amenize a dor usando toda e qualquer cor.

Inverno


Te ouvi dizer, num verão distante
Siga em frente, menina radiante
Segui e sofri
Me recuperei e cresci
E, hoje, a história parece se repetir
Não me tire do meu canto
Se não for dançar na chuva comigo
Lance seu encanto
Me dê seu ombro amigo
Meu coração quer abrigo
Tem um desenho seu
No meu umbigo
O sentimento é meu
E uma dor me mina
Eu não ligo
Com a saia bonina
Prossigo

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Aprendizado


Pois bem, estou com medo. E decepcionada. Pensei ser amada. Não quero ser abandonada. Frágil e dolorida, busco outros recursos para colorir a vida e enfrento a dor, como sempre fiz, apesar da vontade de fugir. Fugir não vai resolver, de frente com o espelho eu sempre vou bater. O problema sou eu, e também você. Eu preciso aprender a dominar a ansiedade, a pacificar, a deixar meu coração mudo. Manter minha angústia e insegurança enjauladas dentro, aqui. A você falta abrir o coração e se entregar, não ter medo de gostar. Falta você me amar. Falta-nos abdicar do escudo e aprender quase tudo.

Drão


Muito independente, sempre me virei sozinha e, posteriormente, descobri que até mesmo a solidão é mais gostosa a dois. Eu quis andar de mãos dadas com alguém trilhando, juntos, um caminho pra além. Não sei bem onde vai dar esse caminho e o que há no percurso, mas precisarei ter a certeza de que poderei sempre contar com a mão da qual não pretendo soltar. Quero ter a certeza de que ela estará lá, sempre que eu precisar, sejam coisas boas ou ruins a nos espreitar. Quis sentir que sou amada de verdade e, a segunda pessoa mais importante depois de ela mesma, na lista das prioridades. Preciso de alguém que queira fazer escolhas e abrir mão de coisas das quais gosta pelas que eu gosto e/ou são importantes pra mim, nos momentos em que essas concessões se fizerem necessárias, do mesmo modo que quero saber fazer, sempre, por ela. Quis alguém que me deixasse ir na janela, me amorenando no sol e que assistisse comigo o futebol. Que jogasse videogame e jogos de tabuleiro, sinuca e dardos. Que ficasse confortável com minha bagunça e extravagância, que não se incomodasse com minha agitação e euforia. Quis alguém que me sorrisse com os olhos toda manhã. Quis alguém que soubesse dormir comigo, se encaixar nas minhas manias, sem abandonar as suas, fazendo tudo conviver em harmonia. Quis companhia verdadeira e não apenas superficial. Não quero mais brincar de casal. Quero ser cúmplice, sócia, parceira de verdade. Quero quem suporte minha vaidade e até ria dela. Quero quem enxugue minhas lágrimas na lapela. Quem me ache bela com todos os defeitos. Quem me ajude a superar os medos, complexos, dificuldades, neuras e manias. Quem me faça melhor. Alguém disposto a crescer e amadurecer comigo, dia após dia, não importando o quão dolorosa seja cada alegria. Alguém que ria das nossas próprias desgraças, levando as lutas com bom humor, dando raça por este amor. Alguém que vá comigo e me leve aonde for. Quem não me queira mudar e que, eu também possa, exatamente do jeito que é, aceitar. Quem esteja disposto a fazer durar enquanto nos houver ar. E que saiba voar de pés no chão, deitado comigo no colchão numa tarde de domingo. E que, antes de tudo, seja meu amigo, verdadeiro e leal comigo. Sigo em busca desse amor, me divertindo no caminho, aproveitando cada flor e cada espinho. Vivo agora o que a vida me dá, sorrindo, cantando, chorando, amando, sentindo o que há pra se sentir. Sei que, não demora, o tal amor me vai surgir, disposto a, comigo, seguir. Se me der a mão, o levarei. Só não sei por quanto tempo esperarei. O amor de agora, para sempre guardarei, mas devo seguir por mim mesma. Trilhar meu caminho, buscar o meu sonho, seguir meu coração, escrever minha própria canção. Não devo mais modificar meus planos pra acompanhar alguém em vão. Tá na minha hora, preciso ir. Aguardo, tensa, você se decidir enquanto danço a minha música por aí.

P.S.: O título é por causa dessa música aqui.

domingo, 8 de abril de 2012

Jalouse


Acontece naquele momento que você sente no ar, no falar, no gestual, na fotografia, no ato de cumprimentar... uma tensão inexplicada ou uma intimidade demasiada. Passa pelas neuroses e complexos mais escusos e você se pega imaginando histórias sem nexo de modo confuso. Surge quando você percebe que tudo o que não te diz respeito te incomoda e que você queria sempre, desde sempre e para sempre ser parte da roda, se fazer presente. Você nota que não fica satisfeito só pelo fato de o outro estar contente e que precisa que esteja contente com você, ao seu lado, sempre. É onde você descobre o egoísmo e percebe sua crueldade. É quando passa a duvidar da lealdade e a cobrar fidelidade. É quando mais do que saudade, você tem necessidade de controlar o outro, de ficar na cola. É nessa hora que você, ciumento, deve ir embora.

O atraso


Não posso dormir quando quem espero não vem. Não devo esperar que esse atraso faça bem. Preciso entender que a angústia é temporária e que essa dor, mais tarde, me soará hilária. Começo onde a maioria desiste. Sei que, espaço para mim n'algum existe. Não dou ouvidos ao complexo que insiste em, neste período, incomodar. Apenas aguardo a chegada. Que medo algum faça morada. Que nada me impeça de sonhar. Ao acordar, espero encontrar e, aliviada, respirar.

sábado, 7 de abril de 2012

Del Rey

Rodopiei por aí
Cantei, sorri
Me diverti
Mas quando cheguei
Saudades senti
No vento mandei
Um beijo pra ti
Daqui esperei
E adormeci
Com guitarras acordei
E então eu ouvi
Bom dia, cheguei
E voltei a dormir
Levantei, me arrumei
Me enfeitei e saí
Divirta-se, então
Depois volte aqui

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Onde há passagem, há partida.


Faz algum tempo que perco as coisas, as pessoas e os lugares e, sossegada, deixo tudo ir. Não posso segurar o que não quer, não pode e/ou não deve ficar. É preciso desapegar, deixar que passem por mim, que partam, que façam o que quiserem. Sinto falta de várias delas e relembro, saudosista, coisas belas que vi e vivi nas janelas de um belo horizonte já um pouco distante. Aprendi que se eu não esperar, não haverá nada que me desaponte, que me entristeça. Descobri que é preciso que a gente cresça. Tento, no meu canto, ser melhor e aproveitar o que estiver, agora, ao meu redor. Não posso parar, não quero voltar, nem por tudo devo lutar. Há coisas, porém, que não posso deixar. Nem deixar que me deixem. A renovação já está feita, é assim que a vida me endireita. Sem o que não posso seguir, farei o possível para que fique aqui. O que é a minha cara, a minha tara, o meu cansar e descansar, pedirei, por favor, para ficar. Irei a guerra por alguém, mas só por quem (realmente) me quer bem. Tentarei não me desesperar, não me descontrolar e, ninguém, magoar. Mas o que por mim já passou, deixo na esquina de lá. Ainda há mar para navegar. Da sua mão não vou soltar. Todo o seu mal quero (prepotentemente) curar. Contente quero te deixar. Bem te fazer e contigo ficar. Você eu não quero (nem posso) perder.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Sobre ser travesseiro

É pra te confortar
E ninar
Sentir teu cheiro
Ouvir seu ronronar
Te acarinhar
O meu pé, descansar do balançar
No seu ritmo sonhar
Ser seu travesseiro
E ter a noite inteira
Pro seu sonho habitar
Ao amanhecer, na hora primeira
Te acordar
E, de novo, amar

Sobre incertezas e oportunidades


Eu tive um sonho. Era ainda menina de pés descalços no chão empoeirado da terra prometida e já me via assim, intrometida. Sempre dei palpite onde não devia e, todavia, ainda não me endireitei. Vacilei. Tive medo e quase desisti, mas, chata, estou aqui. Não esqueço o que sonhei e, desde então, sempre busquei. Não foi fácil chegar onde cheguei e estou muito distante de onde quero ir. Sei que devo prosseguir. Não há certezas, apenas oportunidades e alguma diversão pela cidade. Um amor, na flor da idade. Amigos verdadeiros e muita falsidade. Ainda me engano ao tentar reconhecer a verdade. Prezo por clareza e lealdade. Sinto muita saudade. Tenho tudo pra dar certo, apesar de me sentir no deserto.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Uma manifestação engraçada


Foram-se dois meses desde a trovoada
E, agora, eu me vejo sendo a tal da namorada
O feitiço virou contra o feiticeiro
E, hoje, sou eu a hipnotizada
Tô perdida
Mente apaixonada

Três


É quarta e anseio a sexta, guardando em mim o gosto da terça. São oito e aguardo as vinte e duas relendo mensagens suas. É noite e não posso dormir relembrando você aqui. Já raiou novo dia, mas meu olho se fechou sonhando no cheiro que, em minha cama, você deixou. Ando triste mas ao seu lado a alegria insiste em me dominar. Sorrio tranquila, com os olhos, ainda que um pouco vesgo seja esse olhar. Conto os segundos pra cada vez que vou te encontrar. Vivo querendo te abraçar. Não vejo a hora de, outra vez, te amar.

O portão II

Eu voltei. Voltei pra internet, pras redes sociais, voltei a escrever aqui. Voltei a amar, voltei a querer. Joguei "água na cara do meu sonho adormecido" e retomei antigos projetos. Meus caminhos continuam incertos e meu ser anda meio deserto. Desapeguei. Desgrudei. E voltei. A bagunça do meu lar não vai mais ficar por estar. A gordura do meu corpo não vai se acumular na minha cintura. A "dura poesia concreta" das esquinas voltaram a me incomodar. Espaço para dramas e venenos não vai sobrar. Não deixo mais ninguém me usar. Do meu lado só o que for verdadeiro, o que me valer, o que prestar. Do resto não me importo, embora com certo desconforto, de me afastar. Vou ficar no conforto do meu novo lar, do abraço dele, do ar que nos rodeia. Não ligo mais pra quem me odeia. Notei estar no mundo feito areia. Desisti da prepotência de querer ser onipresente, algo que não me cabe, tenho consciência. Estou, ainda e sempre, aberta a novas experiências. Ainda espero provas de amor, mas não se afobe que eu finjo ter paciência, já que nada é pra já. Sigo em frente sem temer a dor que o amor pode causar ou qualquer ciúme que minha auto-estima possa afetar. Meu alvo está acima e bem vindo é tudo que me aprume. Seguro vou, até o cume.