segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Paetê

- Fácil encantar marinheiro que não quero afogar.

Pensou a sereia cansada de, em vão, cantar
Sem saber que barcos de papel derretem ao recomeçar
E que melhor é ser a encarnação do boi e esperar sua hora chegar

Mesmo assim voltou a brilhar

domingo, 29 de novembro de 2015

Os cantos doidos e doídos (ou Quando eu canto você some)

Todo o tempo
Tenho feito
Mais de mil canções
Para te dar
Dentro da minha cabeça

Só me falta quem em mim reconheça
Tanto mar e emoções
Cantor das multidões
Que queira ser meu
E amor
Não paixões


Fatal

Não
Eu não
Queria
Que fosse somente
Tesão
Sim
Queria muito
Mesmo
Atingir
Seu coração
Ouvir
Sua canção
Tocar
Só pra mim
Ser e estar
Somente sua
Nela
Assim
Nua
Na sua mente
E mãos
Enfim

Paixão ou gripe, eis a questão

Tô idiota
E gripada
Escrevendo poemas
E mais nada

Penso que devo estar apaixonada

Socorro!
Que cilada

Onde eu parei meu violão II (ou Marambaia)

Enquanto eles se debatem em brigas banais
E você, no espelho, gasta tempo demais
Eu procuro o cais

Não mais durmo
Sonho
Não mais respiro
Inspiro
Não mais sei de mim
Do mar não sei o fim

Talvez o cansaço e a vontade de te amar
- Tão grande! -
Tenham feito eu desaprender a navegar
E o porto - que me (en)cante - buscar
Para enfim parar e descansar

Não sei onde parei meu violão mas quero tocar
(Com você)
O barco de papel pra Marambaia
E ficar de papo pro ar

Um tempo com você (ou Musica meus poemas?)

Como é que eu falo pra você dessa vontade infinda de te ver?
Não é preciso tempo nem espaço
Amor não é necessário fazer
O sexo pode ser deixado de lado
Hoje eu só quero estar com você

Como dizer que além do sonho quero estar com você?
É preciso sentir seu cheiro e seu som
Os seus problemas eu posso tentar resolver
Meus poemas podem ser deixados de lado
Pra eu só musicar você

Me liga, me chama, me busca aqui!
Musica meus poemas, me abraça e me deixa adormecer aí

Canção da despedida

Minha grama não quebra sua calçada
Talvez eu precisasse de uma britadeira
Não é nada concreto e eu cansei dessa brincadeira
Guardei meu afeto naquela mesma prateleira
Onde não me coube por perto
Saí sem me despedir nem nada
Antes que acontecesse a tragédia
Que as nuvens anunciaram na sua morada
Não queria escrever uma comédia
Mas desde o início que eu vejo o fim
Te deixo, então, e sigo assim
Levando comigo a dor,
O amor,
Essa saudade...

E a vontade de ser seu abrigo, amigo
Ainda que tarde

Desejo de cais

Me esforçando em outras conversas
Tenho andado e vivido às pressas
Para me sobrar tempo de - contigo - sonhar

Caminhando noutros trilhos
Desprezando tantos brilhos
Quero apenas este mar navegar

Coração bate feito bobo
Sempre que o telefone toca
Uma vontade me invade e eu fico louco
Sua canção me provoca

Em mim feito a pororoca
Pipoca o desejo de parar

Em bravos mares
Não anseio mais nadar

Quero apenas o - seu! - porto avistar
E ficar ao alcance do seu olhar
De lar

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Miragem (ou A Ilha)

Escrever sobre você
Pode fazer eu te perder
Antes mesmo de chegar
Perto um pouco de te achar

Sinto que não devo nem começar
Sentir você
Pensar em ter
Falar prazer
Com facas cortar
Agir e ser

Meu coração deve continuar
A esmo nesse mar
Com a miragem do porto
Vez em quando a me consolar

Ou talvez em você, conforto
Eu possa, enfim, avistar
A ilha deserta onde ninguém quer chegar
E aportar num cais perfeito pra te amar

Não sei nadar nem nada
Só vou saber se mergulhar
Atrás do canto da sereia
Que me encanta e faz sonhar

Já fui - de novo! - e não sei quando vou voltar

sábado, 21 de novembro de 2015

Ando (Ou Gerúndio)

fiquei um tempo bom te
esperando

confesso até andei
sonhando

quantas mensagens te
enviando

de outras tantas
desviando

evitando

sufocando

tentando

convidando

acreditando
que (ao menos) um parabéns ia chegar

hoje vejo, estava só me enganando
agora ando

pra não mais voltar
mesmo - AiNDA - gostando

porque sei que andANDO vai passar

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Réveillon

E mais um ano se passou. Surpreendentemente inesperado, inusitado, impensado. Bizarramente maravilhoso. Entre altos e baixos, trancos e barrancos, eu me descobri mais um pouco e um pouco mais feliz. Sempre feliz, mesmo triste. Sempre forte, mesmo fraca. Seguindo sempre em frente levando comigo o que foi bom, quem vale a pena e pequenas saudades. Deixando pra trás o que doeu, aprendendo com os erros e desprezando as maldades. Não importa a minha idade. Sou do tamanho do mundo e ele cabe em cada sopro de vida, cada segundo infinito bem vivido. Certezas tenho poucas: Os que amo e que, se estiver viva daqui a um ano, faremos outro réveillon. Sou eu quem controlo meu guidom? Dúvidas passeiam por bocas, corpos, copos, papéis, canetas e calçadas. Eu tenho feito da vida minha morada, vivido um dia de cada vez e ido até o fim. Porque mesmo torta, eu sou assim. Os navios e o barquinho de papel me gritam (feito tatuagem dando coragem ao pirata pirado): RECOMEÇO! Outro tempo começou, pra mim, agora. Com tudo novo, de novo e a canção nascendo a cada dia, mesmo que o tempo seja de crise.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Pra guiar seu barco entre trovoadas pelo mar bravio

Seja meiga.
Seja objetiva.
Seja faca na manteiga.
E grama quebrando a calçada.
Vá devagar, não apresse nada.
Faz do presente sua morada.

sábado, 31 de outubro de 2015

Se der (ou Desisto)

Só pra você saber, eu desisti de você
Mesmo depois de você se mostrar perfeito pros meus planos
Agora já pode correr, nadar livre no seu mar
Tentar pescar você foi um tremendo dum engano
As nuvens desmancharam os desenhos que fizeram pra te ver
Entenderam que nenhum deles era prioridade
Também eu não vou voltar pra te olhar
Pra subir tão alto já não tenho mais idade
Não tenho vontade de jogar meu anzol em outras águas
Peixe teimoso deixou saudade
Não vou largar meu café nem chorar mágoas
Melhor a distância onde ninguém sofre ou se debate

"Adeus, um beijo pra você.
A gente se vê!

Se der."

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Deixa eu bagunçar você (ou Imunização irracional)

Tá trovoando muito
Eu não aguento mais
Não sei se ainda prefiro você a ficar em paz
Tenho tentado ser meiga e objetiva
A tal faca na manteiga, até demais
Não vasculhar a sua tralha que metralha e bagunça a minha cabeça
Quando eu encontro, no portão da sua casa, no bairro, a calmaria e o silêncio
E posso ouvir meu coração bater forte, em seu peito
Que abriga a dureza incrível do seu, na minha mão, que eu queria tanto fazer em pedaços
Mas não
Me angustiam os espaços vagos entre nós e a distância que existe quando estou a sós
Me restam apenas pés descalços caminhando nas nuvens e meus dedos, tentando desatar os nós e fazer laços eternos e ternos, simplesmente
Afeto e café solúvel
Mas vejo você displicente e um tanto volúvel
Minha grama parece não quebrar sua calçada mas faz em você minha morada
Não quero precisar me atirar da sua sacada no mar bravio dos seus receios
Sem saber nadar nem nada
Pra que você venha me resgatar e fazer em meu seio seu abrigo
Deixa de se debater e fica comigo

domingo, 25 de outubro de 2015

Truques com facas e danças macabras

Disse que ia dormir
Havia se cortado muito por hoje
Bastava o sangue que escorria
Jorrava ciúme que doía
Não se lamentava, seguia
Estava viva e isso bastava para que se cortasse mais

No outro dia sentiu paz
Foi trabalhar, capaz
No fone ouvia uma canção de amor
Lembrou do cheiro do seu cobertor
Sentiu saudade da boa e algum rancor
Estava curada e isso bastava para que se jogasse novamente

Sem saber voar
Abriu as asas e foi se atirar no abismo
Apesar de todo cinismo
Bateu asas e voou pra longe
Onde os truques e a dança pôde recomeçar

Esse texto deveria se chamar imunização racional

Sim, o que diz a música do Tim Maia deveria ser o nome do que acabei de ler

Será que atingiu o bom senso e é assim tão frio quanto penso?
Ou está apenas se defendendo e fechando o peito?

Respeito sua posição e não me interessa partir seu coração
E... é tão difícil não pensar em você quando escuto essa canção!

Longe de mim pensar te roubar de alguém, mesmo de ti
Só acho que não combina essa dureza com o que vi e vivi

Rezo pra que os braços queiram arrebentar sua defesa
Sei que me afastar não me ajuda a sair ilesa
E no fundo eu sempre quero mesmo é me cortar nesses truques que faço com facas

Amoladas demais
Descuidada demais
Navio pirata sem cais

Aportei um instante e me entrego
Mergulho fundo mesmo sem saber nadar, não nego

Estou aqui pra me machucar
Seus bravos mares navegar
Porque não me imunizei racionalmente
In-feliz-mente

sábado, 24 de outubro de 2015

Facas e tatuagens (ou Circo pegando fogo)

Braços fortes, tatuagens
Os meus cortes, suas viagens
Novos esportes, o doce da vida
Um outro norte, a tal subida
Pequena morte, o meu batom e o lado bom

Todas as coisas e as nuvens no céu aberto do seu olhar
Milhões de motivos preu não me preocupar
Sorte de cara, insegurança a me dominar
Uma rima rara, o mundo a rodar e a gente seguindo sem pressa, a dançar

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Esperando Godot II (ou Entendendo o absurdo)

Não adianta esperar por um Godot que não virá
Não adianta falar o que em mim não se pode deter
Não escutarei você me amar nem poderei ignorar a confusão
É muito difícil calar um coração
Fácil não é vencer a defesa
E disso tudo não sairei ilesa

Que sejam então as coisas que quiserem ser
Vou sem me conter

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Refrão ruim

Por aqui tá tudo diferente
Você precisava entrar e ver
E mesmo que quebrar a porta não me contente
Com a bagunça que deixou posso viver

Você entrou e de repente
Fez o caos acontecer
Me disse adeus tantas vezes
Que eles não puderam ser

Não importa o quanto andes
Estarei sempre com você
Assombrando suas noites
Te matando de prazer

Se você quiser ficar
Sabe bem onde me achar
Por mais que eu tenha me mudado
Ainda moro naquela boca que vai te matar

Com minhas canções de dizer adeus

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Old boy (ou Tatuagens)

Hoje eu senti saudade
De ver filme com você

Hoje me deu vontade
De o pedaço duma asa ter

Hoje eu só queria te ver
Ao chegar em casa
E entregar ao teu
Meu corpo em brasa

Me abraça

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Ulisses

de onde me surgiu você
assim sem eu nem merecer
e fez pro barquinho de papel o mar
de brisa poética pra ele, ao léu, navegar
?

como sua voz chegou a mim
feito apenas de rima sem fim
que mostras habitar e dominar
?

antes mesmo que eu pudesse ver
fez a espuma dessas horas ser
palco praquela sereia viver
cantar
e se mostrar bonita
ainda que a ilusão seja finita
e ela não saiba nadar

domingo, 27 de setembro de 2015

Cigana Lee e um menino bonito

Aquele dia foi estranho
E terminou num hi5

Seus olhos me fitavam, nus
Despidos do temor que habitava meu olhar
Seu corpo buscava o meu
Que buscava forma de atrasar tal atrito
Seus lábios tocavam minha pele
Arrepiada de prazer e medo
Sua voz tocava meus ouvidos
Feito sinos e zumbidos

A cerveja gelada
A roupa no chão
Sua mão, minha não

A janela aberta
Uma noite incerta
E talvez uma paixão

Aquele dia foi estranho
E terminou num hi5

Desde então, agora é tarde

sábado, 26 de setembro de 2015

As coisas por dizer (ou Ariana torta)

Eu chorei quando ele foi embora
Procurei mil motivos pra acontecer
Em nenhum deles havia o meu eu em você que você tanto teima em ver
E não há o que se possa fazer agora
Se todas as palavras não ditas não conseguem explicar
O seu talento incrível pra me desequilibrar
Tenho até vergonha de tentar me expressar

Nada que escrevo é bom o bastante
Nunca, muito menos nesse instante

Você não fica bem na minha coleção
Não ouso querer despedaçar seu coração
E não te cabe na minha estante
Só cantarolar uma canção, triste

Te vejo em meu reflexo molhado, rente
Narciso acha bonito o espelho que nele chora
E ama o igual, contente

Escrever poemas não leva a encrenca pra frente
Sigo em cima do meio fio, vida afora
Vou sossegada e assobio uma seresta

Quando as coisas por dizer já não dizem nada
E danço, havaiana

Estamos prontos pra (outra) festa!

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Sobre o charme

Te dando a razão que você tanto quer,
Você é mesmo outro qualquer

Me diz o porquê de interessante ser
Que eu te mostro a diversão

O jogo segue empatado, embora você teime que não
De onde você tirou que habita minha imaginação?
Objetivamente: É real a sedução.

À francesa, sei tudo sobre jogos e várias letras de músicas de cor
Talvez saiba até quem vive a blefar
Só que no resto, sou péssima.

As risadas... Elas atestam o sucesso das cantadas
Pessoal ou impessoalmente não perderei o controle das trovoadas

Só que nem tanto esotérico assim: Você não domina meus raios

Não dizer nada seria tolice
Leviano é achar que me enfeitiça

Aviso: O feitiço dos olhos pode voltar contra o feiticeiro!
Ouso até dizer que já voltou, já que você continua aqui sem se mover
Quando eu cair em ti você já estará prostrado aos meus pés

Não sussurre sua prosa e grite suas provocações que não te darei trabalho nem meus corações

Não rolarei dados, farei meus truques com facas
Cuidado: Não vá se cortar!

Divertido é dominar

Chegar atrasada pode atrapalhar
E não há nada que eu esteja a procurar

O que há em você há em outro qualquer

A ilusão não é a entrega, é o corte
Da faca na manteiga

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Acordando setembro (ou Primavera ao acaso)

Outro setembro
Mudando as coisas de lugar
Planejando mais um novembro
Pra vida fantasiar
E quando eu menos esperar
Mais uma primavera florescerá

É sempre do mesmo jeito
A hora certa de mudar
Quando as folhas caem pelas ruas
E tudo teima em se renovar

Quem viver verá
A vida vai melhorar
Pelas mensagens e fotos nuas
Mesmo se eu estiver cansada e pirar

Vai ser possível a-cor-dar

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Ainda penso

Hoje cedo eu tava ouvindo aquela música que sempre fantasio tocar e cantar pra você naquele lugar onde o dia costumava morar e recebi uma mensagem que mudou tudo. Na verdade, desde ontem que já não tenho pensado tanto assim em você e no quanto te gosto e vou sofrer com sua partida. É que com outro ser ando envolvida. Mas depois dessa mensagem, de um amigo em comum, acho que, definitivamente, acabou. A mensagem continha um vídeo, de um relato de violência doméstica e de machismo em geral. Machismo sempre foi um problema entre a gente, né? Apesar de você tentar não ser, você é muito e se incomodava - também muito - com meu jeito demasiadamente livre de ser. Mas a questão nem é você... Você não estava lá no dia em que eu fiquei com seu amigo e todo mundo comentou (o que não quer dizer que não tenha compactuado das atitudes e comentários machistas que surgiram após o acontecimento). Você já não tinha mais nada comigo e ficava com outra quando rolou. Mas né... Pelo fato de eu ser mulher, não pode. Nada pode. É tudo promiscuidade. Pois é, eu sou mesmo muito promíscua se é assim. E quer saber? É um problema meu. Cada uma das mulheres tem direito de ser e fazer o que quiser, quando quiser, independente de comentários, julgamentos e atitudes de homens - e também mulheres, o que é ainda pior - machistas. Nem todo mundo consegue lidar. Nem todo mundo aguenta a pressão. Mas eu aguento. Tô vacinada. Podem falar a vontade. Só eu sei minha verdade. E não, eu não penso mais. Nem voltarei a procurar.


segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Sobre facas e origamis (ou Recomeçar dói, por mais bonito que seja o barquinho)



Aquele barquinho de papel gritando recomeço
Foi feito à faca amolada, reconheço

Por isso de vez em quando ele me corta com seus truques
Deveras bonitos

Fazendo os aflitos
Escorregarem na manteiga
E ficarem, então, como eu

Às vezes meiga
Muito objetiva

Na sua presença, furtiva

Quando fui chuva (ou Outra trovoada)

Feito nuvem
Cheia de sentidos
Caminho pelo vento
Que sopra meus vestidos

Feito nuvem
Delicada e leve
Vou por onde o céu me leve

De trombar em outras nuvens
Viro raios e minha cabeça trovoa

De nem sempre suportar a batida
Desabo, em chuva, numa boa


Ím-par (ou Uma piada bobinha)

Fim
Sou ímpar
Nunca fui par
Comecei um poema
Vou ali anotar
Talvez algum dia
Eu encontre um lugar
Onde cada problema
Ache, enfim, solução
Até lá dança solto
O meu coração
Escrevendo eu me solto
Da sua canção
E sozinha à mim mesma dou a mão
Ou não

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Cheia de vazio

Ouvi você cantar
Não me estremeceu

Vi você passar
Não amanheceu

Voltei naquele velho lugar, onde costumávamos nos amar
Tudo mudou
Não me balançou

Passei por aquela nossa janela
Ela estava florida, mais bela
Nada me tocou

Senti seu perfume
Não senti saudade

Pode ser que agora eu tudo arrume por pura vaidade

Ando perdida em mil problemas
Que até meus poemas andam mais cheios

De vazio

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Templo

Existe algo em mim
Que nunca vai te esquecer
E, mesmo distante
Teima em cuidar de você

E eis que a vida tece
A trama que não sonhei
E tudo que acontece
Me faz feliz também

Sinto no ar tanto carinho!
Que sorrio com o olhar
Ao te ver tão bonitinho
Na minha frente sorrir e cantar

Uma canção que me lembra que já foi bem mais que amizade
O que hoje é essa gostosa saudade

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Futuros Amantes III

Você nem se foi ainda e eu já sinto saudade.

Do seu cheiro suave,
Seus olhinhos brilhantes,
Da sua mão no meu pé.

De como me pega no colo,
Me enche de beijo,
Me faz cafuné.

Saudade de como é quando a gente se encontra,
Da pele na boca,
Da roupa no chão.

Da sua voz macia me dizendo pornografias,
Discutindo a canção.

Saudade do gosto que fica na cama quando você se vai,
De trocar mensagens,
Ouvir os seus ais.

Saudade desse meu sentimento
Que ainda não existe
E já não é mais.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Quem?

Quando uma canção me lembra outra,
E ambas dizem tudo
Que eu não sei dizer
Tampouco calar,
Conter o que arde aqui,
Em mim...
E você não sai da minha frente!
E eu quero te dizer
Tudo isso que estou calando,
Te mandar as canções,
Publicar meu ardor
Bem assim...

Melhor a internet cair ou eu ir logo dormir.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Luz dos olhos

Sabe qual é, no fundo, minha vontade secreta? Te chamar pra sair. Te levar ao cinema. Criticar o filme, fugir no meio da sessão pra ver o futebol. Tomar uma, conversar. Te re-conhecer, me apresentar novamente. Passar na praça, olhar a chuva vindo, como estrelas cadentes, em nossa direção. Ter tempo para ouvir o rádio, no carro. Te convidar pra entrar, te mostrar o meu lar. Cada detalhe importante de mim que você não chegou a ver e que sonhei, tantas vezes, te apresentar. Bagunçar os livros, te contar meus grilos. Trocar as cordas do violão, (te) tocar. Te ouvir falar. E todas as canções que costumavam en-cantar meus fins de semana com você e que passaram a ser nossas. Pelo menos pra mim. Pelo menos posso sonhar assim. E guardar tudo pra mim. Porque eu não vou te ligar. Não vou te chamar, pedir pra vir me encontrar. Mas se você disser que me quer, eu te quero (de novo) também e, faço as pazes lembrando de todas as tardes que passei (quem estou tentando enganar? Ainda passo) tentando te telefonar. e dos cartazes que fiz pra te procurar. Você sem desembarcar pra eu te dar amor. Nessa e em todas as outras horas. Eu te espero mas não te sigo. Porque eu te amo e isso vou calar.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Grilos (ou Da Janela II)

Eu tinha um rádio relógio.
E eu tinha você, certo?

A gente costumava ouvir Guarani nas madrugadas, contentes.
Sentados, ali, na janela,
Beber, musicar, nos amar e tudo mais
Faziam a cidade mais bela lá, do alto do Cidade,
Observando, dali, o céu das Gerais
E todos aqueles estranhos sinais.

É mesmo incerto o destino da gente - insistente! - apesar da idade.

Fato é que eu tinha o tal rádio relógio,
E botava ele pra me acordar quando você não estava por perto...

Ele quebrou quando você partiu.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

40 day dream

E então eu, tantas vezes musa
Logo eu, inúmeras vezes incansavelmente superior
Penso, agora, não merecer o seu amor

Na verdade, confusa
Por este querer absurdo
Acredito e me iludo ao sentir seu calor

O quero, contudo
E, mais que tudo, proponho
Fazer do sonho a realidade
Você ser meu com vontade

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Dois (ou 19 de Julho)

Topei com ele duas vezes
Por duas vezes deixei escapar
Como andasse sempre atrasada
Não soube quando e o que falar

Eu que nunca sei o que falar
(E falo sem parar)
Erro sempre a hora de calar
Me falta ar

Vivi o que sonhei uns meses
Alguns desses eu não vi passar
Feito uma doida desvairada
Experimentei o tal do amar

Por duas vezes me pus a revirar
Sorri sozinha relembrando
Passei alguns dias cantando
Me permiti voar
Não quis prender ninguém numa gaiola
Enjaulei, então, minhas palavras
Os meus sentimentos calei
Por medo de perder a hora
Me adiantei em vão
E a paixão atropelei

Duas vezes achei e me perdi
Os dois não

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Pontual

E então a gente não mais se falou.

Aconteceu com ele,
Com ela, com você...

E aconteceu sem eu dar conta.

Sem eu perceber,
O nó desatou,
O laço se desfez.

Claro! Não foi a primeira vez.
Dessa vez.
De algum modo, me tocou.

Me tem (pare!) sido bom o modo como tudo ficou.

A vida seguiu,
A dança mudou.
Pude, tonta, notar meu constante atrasar...

E, sem mais, seguir, no acaso, pontual.
Tchau!

domingo, 12 de julho de 2015

Reconvexo (ou Reflexo)

Eu adoro sua boca
E seu sorriso fácil.
E quando, sorrindo, seus olhos ficam apertadinhos.
Eu adoro, em você, cada pedacinho.
Adoro sua cicatriz no nariz
E sua barba falhada.
Adoro me imaginar sua melhor namorada.
Eu adoro a sua pele.
A cor, a textura, o sabor.
Adoro pensar merecer o seu amor.
Eu adoro seus cachinhos,
Suas sobrancelhas,
Seus dedos, suas mãos...
Adoro sentir quando bate forte seu coração.
Eu adoro sua bunda.
(Você de cueca é uma visão!)
Adoro suas pernas
E ter sua atenção.
Adoro sua voz
E todas as muitas coisas em comum.

Eu te quero como nenhum!

terça-feira, 7 de julho de 2015

Poema absurdo em linhas tortas

Eu já conheci quem tivesse levado porrada.
Eu conheci você.
Você que não tem sido campeão em tudo,
Assim como eu.

Tantas vezes reles,
Tantas vezes porco,
Tantas vezes vil,
Tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.

Eu.

Que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho.
Que tantas vezes tenho sido ridícula, ABSURDA.
Que tenho enrolado os pés nos tapetes da ética.
Que tenho sido grotesca, mesquinha, submissa e arrogante.
Que tenho sofrido (seus) enxovalhos e calado.
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridícula ainda!

Eu, que tenho sido cômica,
Que tenho feito vergonhas financeiras,
Pedido emprestado sem pagar.

Eu, que quando a hora do soco surgiu, me tenho mantido na possibilidade do soco.
Até mesmo torcido para ser acertada.

Eu, que tenho sofrido a angustia das pequenas coisas ridículas.
Ao pensar em você.

Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo,
A não ser você.

Que, diferente de toda a gente que eu conheço e que fala comigo,
Já teve um (ou mais) ato ridículo, sofreu enxovalhos.
Você que nunca foi príncipe - todos eles sim - na vida...

Quem me dera ouvir (de novo) sua voz humana,
Que confessa pecados e infâmias.
Que me contava violências e covardias.
Que não é nem nunca será o ideal.
Que, neste largo mundo, foi capaz de me confessar que uma vez foi vil.

Ó Godot, meu irmão,
Estou farta de semideuses!

Onde é que há gente no mundo além de eu e você?

Então somos só nós os vis e errôneos nesta terra?

Podem não ter sido amados,
Podem ter sidos traídos.
Mas ridículos, só nós dois.
Ridículos sem ter sido traídos,
Não podemos falar com nossos superiores sem titubear.

Eu, que tenho sido vil, literalmente vil, no sentido mesquinho e infame da vileza,
Te imploro: Volta aqui, pra me acompanhar!

(Minha torta e absurda versão do Poema em linha reta do Pessoa)

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Caos repentino, caos honesto.



Eu estou um caos.
O caos me define.
Talvez pra que o medo não domine.
Talvez pra que com a dor, o amor não rime.
Talvez só pra esquecer.

Estou no caos e não consigo me mexer.

Talvez caótica, veja o mundo d'outra ótica
E consiga caos deixar de ser.

Vai entender!

(Mais um) Ensaio sobre a trovoada ou Canção da despedida



E trovoei, mais uma vez, destinando canções pros teus olhos. Batucando com as unhas por fazer na borda de um xícara de café. Fora de órbita, descabelada, súbita. Diva? Mal sorrio... Tentando ser meiga, objetiva, faca na manteiga. Minha cabeça bagunçada tentando metralhar a dureza incrível do seu coração, aqui na calmaria e no silêncio do portão. Eu acho que sei que sozinha, no meio de uma tarde ainda vou muito soluçar. Quer dizer, relembrar. Que um dia você falou que eu tava tão chique. Ou quando você me disse 'fique'. Acho que não quero (mais) ficar. Com você. Nem você. E nem vou virar mendigo implorando um abrigo. E vou ser sua amiga. Fica. Do jeito que teu desejo mandar. O ato de cheirar-te não mais me cheira a arte. Ignoro a mímica e me abasteço de mágica onde soam os cânticos. Convicção monogâmica? Não mais. Ainda mais. Apenas meu poema mais lírico virando uma coisa bem lógica. Instante único? Te abraçar com força pra arrebentar toda defesa que existe em mim e vai, fatalmente, nos afastar. Esses momentos pequenos, gentis. E a beleza que abrigaram. Sem brigar. Não vou me deixar esquecer onde nasceu e morou o dia. E o amor. E, agora, também a dor. Vou sossegada assobiando, porque confio no carinho da vida, mesmo ele vindo num tapa. Acredita? 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Onze

Saí
E o novo pra mim sorriu
Te vi
E esse amor, em mim, (re)surgiu
Daí
Você se abriu comigo, amigo

E aquela quinta(série?) se fez domingo

domingo, 26 de abril de 2015

Caso comum de trânsito (versão 2)

Eu gosto
Quando você sorri e diz que sou muito louca
Quando você me olha nos olhos e me beija a boca
Quando segura meu cabelo e pergunta se é assim
Quando você conta seus segredos só pra mim
Quando toca uma música que eu gosto no violão
De trocar olhares no meio da canção
Da sua mão bagunçando meu cabelo (ou repousando em meu joelho)
De me arrumar junto a você, no mesmo espelho
Da bagunça aconchegante da moradia
De como mensagens suas melhoram meu dia
De te beijar quando você acorda assustado
De te imaginar bem melhor aqui, ao meu lado

quarta-feira, 25 de março de 2015

Onze zero quatro (ou Aos novos brindes)

É noite ainda
Ou já é manhã
Escrevo aqui, do décimo primeiro andar
Da janela, o céu e o concreto a me acompanhar
Só quem aqui esteve conhece esse jeito secreto de amar
Namorei todo o ar que tinha para respirar
E, em tanto am-ar, me sufoquei
Joguei
Tudo pro alto
Arrisquei outra vez
Risquei um barco em minha tez
Depois de, do carnaval, ver o fim de novo
(Que foi que pra cá eu vim)
Pra lá me movo
A mesma sensação de solidão me atormenta
Me acompanhar: nem todo mundo aguenta
E eu sigo
Com cada novo e velho amigo
Que viveu algo aqui, comigo
Os amores
E os amantes
E todas as cores vibrantes dos anos vividos com paixão
O que fica?
Um pedaço do meu coração
Muita lembrança, alguma canção
E a sensação de que vou desabar ao sair por aquela porta
E assim, recomeçar mais uma vez
Renascer, depois de morta
Sempre a primeira vez
Como fosse só sonhar
Muito há mar ainda preu respirar
Esó o que conta vai, daqui pra lá, no meu barquinho de papel, me acompanhar

domingo, 22 de março de 2015

terça-feira, 10 de março de 2015

Apenas (ou Onde mora o dia)

Ao sair daí
Já quero você aqui
Não sei o que deu em mim!
Não entendo o que senti
Nem controlo o meu querer

Quero você.

Assim que der...
Se eu puder...
Se você quiser...
Vou praí te ver

quinta-feira, 5 de março de 2015

Corações bobos (os meus) ou Angústia


Vou explodir
Escreverei sobre isso, também
Já decidi
Mas só sai riso de mim, ainda bem
Poesia não obedece, manda
Sai quando bem quer
E anda
Enquanto sigo levando como puder

Já não sei onde pisar
Nem quantos corações consigo carregar
Essa angústia que me angustia
Também é forma de amar

Amor que não acaba um dia
E explode num barquinho
Feito com o papel onde te escrevo: Sorria!
E navega sozinho
Sem parar

Nem chorar

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

ZN (ou Rosa dos Ventos)

Essa paixão
É pulsão
De vida
E não de morte
Alguém duvida?
Deus, que guia
A minha sorte
Disse: Sorria!
Mandei a Lua
Pra ser seu norte

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Corte e costura (ou Aposta)

E a vida se revela assim
Um cortar
Um costurar
Um desmanchar
E um refazer sem fim
Por mais que canse
Eu gosto
Não é de todo ruim
Você ainda pensa em mim
Aposto!

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Lembra o Barco e Re-começa (ou Canto Para Como-ver Soraya)

Vai lá...
Re-começar
Sofrer, chorar
Sangrar até mais nada restar
Você vai ver
Que tudo pode acontecer
Que tudo se deve
Esquecer
Ficar leve
Se enfeitar
Pra voltar a vi-ver
E danç-ar

domingo, 4 de janeiro de 2015

O Barquinho (ou Como Tatuagem Dois Mil e Kiss Me)


Embarquei
Num barquinho de papel
Bravos mares naveguei
Fortes ventos enfrentei
Neste porto - não seguro - aportei
No hoje apostei
As coisas que quiseram foram
E recomecei
Ao léu