segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Sobre facas e origamis (ou Recomeçar dói, por mais bonito que seja o barquinho)



Aquele barquinho de papel gritando recomeço
Foi feito à faca amolada, reconheço

Por isso de vez em quando ele me corta com seus truques
Deveras bonitos

Fazendo os aflitos
Escorregarem na manteiga
E ficarem, então, como eu

Às vezes meiga
Muito objetiva

Na sua presença, furtiva

Quando fui chuva (ou Outra trovoada)

Feito nuvem
Cheia de sentidos
Caminho pelo vento
Que sopra meus vestidos

Feito nuvem
Delicada e leve
Vou por onde o céu me leve

De trombar em outras nuvens
Viro raios e minha cabeça trovoa

De nem sempre suportar a batida
Desabo, em chuva, numa boa


Ím-par (ou Uma piada bobinha)

Fim
Sou ímpar
Nunca fui par
Comecei um poema
Vou ali anotar
Talvez algum dia
Eu encontre um lugar
Onde cada problema
Ache, enfim, solução
Até lá dança solto
O meu coração
Escrevendo eu me solto
Da sua canção
E sozinha à mim mesma dou a mão
Ou não

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Cheia de vazio

Ouvi você cantar
Não me estremeceu

Vi você passar
Não amanheceu

Voltei naquele velho lugar, onde costumávamos nos amar
Tudo mudou
Não me balançou

Passei por aquela nossa janela
Ela estava florida, mais bela
Nada me tocou

Senti seu perfume
Não senti saudade

Pode ser que agora eu tudo arrume por pura vaidade

Ando perdida em mil problemas
Que até meus poemas andam mais cheios

De vazio

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Templo

Existe algo em mim
Que nunca vai te esquecer
E, mesmo distante
Teima em cuidar de você

E eis que a vida tece
A trama que não sonhei
E tudo que acontece
Me faz feliz também

Sinto no ar tanto carinho!
Que sorrio com o olhar
Ao te ver tão bonitinho
Na minha frente sorrir e cantar

Uma canção que me lembra que já foi bem mais que amizade
O que hoje é essa gostosa saudade

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Futuros Amantes III

Você nem se foi ainda e eu já sinto saudade.

Do seu cheiro suave,
Seus olhinhos brilhantes,
Da sua mão no meu pé.

De como me pega no colo,
Me enche de beijo,
Me faz cafuné.

Saudade de como é quando a gente se encontra,
Da pele na boca,
Da roupa no chão.

Da sua voz macia me dizendo pornografias,
Discutindo a canção.

Saudade do gosto que fica na cama quando você se vai,
De trocar mensagens,
Ouvir os seus ais.

Saudade desse meu sentimento
Que ainda não existe
E já não é mais.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Quem?

Quando uma canção me lembra outra,
E ambas dizem tudo
Que eu não sei dizer
Tampouco calar,
Conter o que arde aqui,
Em mim...
E você não sai da minha frente!
E eu quero te dizer
Tudo isso que estou calando,
Te mandar as canções,
Publicar meu ardor
Bem assim...

Melhor a internet cair ou eu ir logo dormir.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Luz dos olhos

Sabe qual é, no fundo, minha vontade secreta? Te chamar pra sair. Te levar ao cinema. Criticar o filme, fugir no meio da sessão pra ver o futebol. Tomar uma, conversar. Te re-conhecer, me apresentar novamente. Passar na praça, olhar a chuva vindo, como estrelas cadentes, em nossa direção. Ter tempo para ouvir o rádio, no carro. Te convidar pra entrar, te mostrar o meu lar. Cada detalhe importante de mim que você não chegou a ver e que sonhei, tantas vezes, te apresentar. Bagunçar os livros, te contar meus grilos. Trocar as cordas do violão, (te) tocar. Te ouvir falar. E todas as canções que costumavam en-cantar meus fins de semana com você e que passaram a ser nossas. Pelo menos pra mim. Pelo menos posso sonhar assim. E guardar tudo pra mim. Porque eu não vou te ligar. Não vou te chamar, pedir pra vir me encontrar. Mas se você disser que me quer, eu te quero (de novo) também e, faço as pazes lembrando de todas as tardes que passei (quem estou tentando enganar? Ainda passo) tentando te telefonar. e dos cartazes que fiz pra te procurar. Você sem desembarcar pra eu te dar amor. Nessa e em todas as outras horas. Eu te espero mas não te sigo. Porque eu te amo e isso vou calar.