sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Sonho real

Que saudade que me deu, hoje, ouvindo a Gal!
Das manhãs de domingo ouvindo o Rei
E os passarinhos no quintal...

Sabe aquele violão que você queria consertar?
Resolvi aprender, sozinha, a tocar
E ainda ouço a rádio ao acordar...
Acho que eu só queria mesmo te contar

Tenho saudade de te ouvir cantar
Esquisito
E mesmo feio eu - ainda - te acho bem bonito

Gosto de lembrar da gente indo dormir de All Star
E dos sorrisos no meu corpo que você vivia a rabiscar

O mais engraçado é lembrar disso com um sorriso tranquilo na cara
Repara!
Não tem rancor e não é mais aquele amor

Já não há dor, a ferida cicatrizou
E o que restou é bom
Não quer voltar mas não se importa em recordar
Do teu cheiro ao acordar

E aquela canção no meu aniversário já sabia
Que o sonho que eu queria
Hoje é real, não fantasia

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Sem nome mas com endereço



Não conseguiu dormir. Às cinco da manhã constatava, vacilante, o motivo da insônia. Insinuantes seus sonhos haviam transportado-se para o estado desperto e feito morada no dia. Um dia de domingo. Aquela casa onde estivera certa vez a suspirar, muda. O portão, a rampa, a varanda, os móveis, o sal. E o doce de esperar por aqueles dias em que a beijaria. Os discos da Gal. O quintal. Se amar na relva. Rir e dormir junto. O conjunto de coisas encaixando quase milimetricamente nos seus sonhos desplanejados, porém esperançosos de um dia acontecer. Os filhos que iriam ter, de cuca legal, a dizer 'meu nome é Gal'. Um lugar pra chamar de seu, e pra plantar amigos. Especialmente aos domingos. Finalmente ensinar a cozinhar e as cervejas do começo tomar. Eles se deram bem. Seus caminhos se cruzaram também. Uma, duas, vinte e sete vezes. E vão se cruzar outras cinquenta mais. Pra acontecer, se acontecer. Ou apenas esquecer e sonhar mais um sonho impossível. Possível ou impossível de acontecer. Possível ou impossível de se realizar. Possível ou impossível de se dizer o tamanho do querer. Sufocava e ocupava seu peito a dúvida e assim só sobrava espaço pro coração na mão. Não sabia o que fazer e o que a esperava ao dobrar uma esquina e queria o tempo todo estar preparada pra mais um encontro. De mar. De navegar. De recomeçar como os barcos dizem. De amor. Pois é o amor que faz o homem. E os peixes que morrem afogados no ar fora dos aquários.