quinta-feira, 23 de novembro de 2017

ensaio para um epitáfio

sem pretensões, às vezes acho que quando eu morrer vou ser lembrada como alguém diferente, quiçá especial... mas por que agora, enquanto eu estou viva, é tão difícil encarar os prós e contras de me acompanhar? são raros os corajosos que se atrevem e a eles sou muito grata. aos covardes, vitamina d não vai resolver depois que eu morrer. o que conforta é saber que faço bem a quem quero bem, em dias inusitados e situações inesperadas. viver é uma barra que a gente precisa se ajudar a segurar. então... respira mais que eu respiro mais, ok?

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

minha voz não é grave e linda

já faz algum tempo que eu ando cansada, bem cansada de ser diferente. não sei bem se eu queria exatamente ser normal como essas pessoas cinzas que especulam sobre as tramas do sucesso e meu mundo particular, mas eu queria ser um pouco menos diferente. um pouquinho só mais comum e ter com quem me identificar. é ruim ficar sempre solitária no final das contas. não aguento mais. mas não quero a fama que vocês me dão, renuncio a este meu reinado, muito obrigado. eu quero só viver (BEM!) do meu talento e habilidades e encontrar um amor (tranquilo mas com sabor de fruta mordida, sabe como é, né?) que me ame também e no tempo certo. plantar discos de domingo e meus amigos na casa no campo e beber cerveja de frente pro Mar. minha filha de cuca legal para pentear e cachorros para passear. às vezes, eu só quero descansar.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

sal na ferida

hoje eu queria que, por um acaso do destino ou ação da força estranha, você aparecesse aqui, na minha porta. podia até mesmo ser com aquela cara de quem não sabe o que quer que eu abomino. hoje eu não quero ser salva, e tudo te destrói. eu só queria passar umas horas ao seu lado, e conversar. longe de mim ser frágil e pensar te roubar de alguém. pelo menos hoje não. eu sei que eu me enganei até aqui e quero botar um ponto final. podemos (re)começar assim? tudo que você faz me dói demais e o que você traz escorre e morre. e eu sei que tem que morrer pra germinar e que todas essas intuições e coincidências e as voltas todas que a nossa história dá me fazem pensar que o meu destino é você. saiu nas cartas, bebê! e talvez isso seja de outras vidas, pra outras vidas, vai saber... eu só queria mesmo era resolver e poder descansar no fim. botar sal na ferida pra ela cicatrizar. e pra seguir em paz blefando que o limite é o chão mesmo com tudo me empurrando a sonhar. poder acordar pra realizar, já que você escolhe nem dormir a cada telefonema meu. hoje eu ia gostar se você ligasse bêbado, no meio da noite, pedindo pra piscar a luz pra você me achar. te chamaria pra subir, te convidaria pra entrar e poder te perder direito, de vez. pela última vez. pois se perde mesmo muita coisa. muita coisa é pra se perder... como eu, e como você.

sábado, 18 de novembro de 2017

Carta de amor (ridícula)

Toda noite
Eu fico esperando dar meia noite pra jogar tarot
Eu não penso em correspondência
Eu não penso no seu amor
Eu sigo sempre em frente
E quando sinto muito calor minha pressão cai
Feito a noite cai no meu cobertor
E toda noite eu espero dar meia noite
Pra jogar tarot

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

a resposta certa

deitei pra sonhar com você - ando com essa mania -, reli nossas primeiras conversas. acho que curti alguma coisa sem querer - maldita função idiota do messenger! -, tomara que não chegue nenhuma notificação pra você. fucei a mídia guardada na memória. achei vídeo com o nando. entrei no instagram. você tinha visto meus stories - perdeu alguns tanto tempo sem entrar -, o nando tinha lançado disco novo. fui ouvir, e lavar a louça me fez parecer estar num clipe indie triste. é, eu consegui. eu consegui perder meu grande amor. respondi 1 quando a resposta certa era o 4. mas pode ser que daqui a algum tempo eu tenha 30 e uma festa espera por mim. vou lavar o banheiro ouvindo o nando e fazer as unhas, enfim. siga os vaga-lumes na escuridão, quem sabe eles - ainda! - possam trazer você pra mim...

domingo, 5 de novembro de 2017

sexto sentido

esbarrei nele seis vezes
seis vezes quis me apresentar
todas as seis, precisei me apressar
e deixei escapar

quem é você, moço do sexto andar?

sábado, 4 de novembro de 2017

vinte e oito

o tempo passa. as coisas mudam. a vida segue e não é nada daquilo que o cinema mostra. a não ser pra mim. minha vida é um videoclipe e eu sou quase famosa. talvez eu tenha divagado enquanto ouvia uma canção, no rádio, ou lia algum poema barato. os amores são todos voláteis. bem mais que os meus. as pessoas, levianas, como me julgam ser. e aquele amor eterno, certeiro, necessitado de ajuda para a conquista, acaba mais rápido que uma latinha de refrigerante. por falar nisso, lembrei agora da minha primeira aula no ensino médio: meu professor de geografia comunista (que ainda me segue no instagram) citando engenheiros do hawaii. pelo visto a quinta formação estava certa, não é mesmo? irônico, no mínimo. faz muito tempo já, nem um ano chegou a durar aquele tal amor de afogar que a sua intuição te fez buscar. pode ser que daqui a algum tempo eu tenha 30. vinte e oito anos tenho ainda. vinte e oito, o dia. dezembro, o mês. o ano, o passado. dois mil e dezesseis. antes disso você não sabia quem eu era (mesmo eu sendo quase famosa, vê se pode!). mas isso foi há muito tempo atrás, você me disse, ninguém se lembra mais. agora tudo mudou, é verdade. nosso amor foi um gif. um clipe, um flash. ligeirinho, pá-pum. e qual seria a graça de conquistar algo ou alguém senão lançar mão? as canções populares e os poetas rasos continuam tendo razão. meu coração, não. o tempo ainda passa. as coisas sempre mudam. a vida segue e eu nunca sei nadar nem nada. só tenho como ir de Mar, com meu barquinho de papel (em chamas), recomeçar.