sábado, 30 de dezembro de 2017

amadurecer (ou e-mail de natal 2k17)

a sensação de perda, algumas vezes ainda me faz chorar
sabendo mesmo que muita coisa é pra se perder, apesar
e se perde muita coisa, sem pesar

perder pe
               sa

sendo mesmo necessário estar le         ve pra continuar
fazer seu corr e, dançar pra não dançar

re começar

e (a) sonhar
real             izar
e mesmo (o) chor ar

por algo - ou alguém - que não se devia mesmo (nem) ganhar
só ama (endurece) r

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

sexto andar, subindo

hoje eu vim te procurar
agradecer pelo Igor sem H
(que eu já nem me esforço mais!)
e soltar mais um barco em chamas nesse Mar

brincar de acreditar
que amanhecer faria o elevador trazer você
me fez entender
que tudo tem mesmo que morrer

pra germinar - em outro quarto ou andar!

domingo, 3 de dezembro de 2017

paz imensa

nos meus sonhos, pontes feitas de perdão e a sensação de que sou um monstro, pela... qual vez mesmo?

eu não ligo.
eu só piso em toda poça, toda pessoa.

eu não quero ser salvo.
e tudo te destrói.

eu sempre deixei as pessoas irem embora, apesar da invencibilidade da memória.

meu orgulho é deixar todo mundo saber quem eu sou.
eu não quero provar nada.

existe uma particularidade...
eu tenho vergonha do que sonho com você.

eu só quero férias, na praia.
uma casinha lá na marambaia.
o violão e um moreno bem disposto.
minha gal de cuca legal.
sal nas feridas, até o pescoço.

sonhei tudo em detalhes, num gif.
nas minhas mãos, e nas paredes, esmalte fosco.

num flash, o céu da nossa casa.
no chão, o pôr do sol.
e na varanda, o ar, ligeirinho, pá-pum.

discos de domingo, a fala do gato, seu pé no meu sapato.
você me diz que eu poderia conseguir qualquer um...

eu só quero  férias.
e a tua paz, imensa.

deus sempre morre aos 33 pra ressuscitar quando o carnaval chegar

eu já vi esse filme antes.
sem spoiler, o fim é trágico.
vai voltar pra me assombrar.
se lembra que você me contou?
eu acho que você já se esqueceu do horror, e que eu chorei porque lembrava a gente.

vou encher os livros de poesia de palavras sujas sobre mim pra você ler.
depois, não diga que não te avisei.
(eu te avisei!)

mais-uma-vez.
tudo que eu fiz, o que eu não quis, o amor...
eu me sinto um monstro, pela segunda vez, e renuncio ao meu reinado.
pre-mi-a-do.

mais uma vez não me sinto no direito de alugar esse espaço ocupado.
a culpa é minha, eu sou culpado.
a resposta certa pra questão errada.
e nunca soube lidar com a desaprovação.
por querer sem dar um passo, por dar um passo sem querer.

me observo repetir os mesmos erros, rebobinando rolos de filmes que eu nunca vi.
a história se repete, a força a deixa bem mais mal cantada e eu já perdi as contas de em qual formação estamos.

perdi o prazo.
passei por cima de todos os cacos.
perdi o norte.
tão cansada de tantas chegadas e partidas - tenho sorte!
agora eu corro por mim, na praça.
tomo uma cerveja no bar.
puxo uma cadeira pra vida, deixo tudo pra lá que vem vindo o carnaval, essa fase ruim vai passar e alguma hora eu sei que eu vou chegar.

Férias (na praia)

Eu voltei para te escrever.

No caminho de volta pra casa não vi nada, e não fui salva. Tudo te destrói.

Eu não quero passar nenhum segundo ao seu lado.
Eu nunca sei começar as conversas que eu termino.

E se você souber da invencibilidade da memória?
E da minha tatuagem, pública e notória?
Não tem orgulho, mas... Você sabe quem você é?
Que coisa você quer provar (além dos meus peitos)?
Minha companhia?

Eu estou farta do que você me oferece.
Eu só quero sal na ferida, pra ela alucinar os meus desejos, eu ver Jesus Cristo, e cicatrizar.
Passar um fim de semana ao seu lado, e morrer no Mar.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

ensaio para um epitáfio

sem pretensões, às vezes acho que quando eu morrer vou ser lembrada como alguém diferente, quiçá especial... mas por que agora, enquanto eu estou viva, é tão difícil encarar os prós e contras de me acompanhar? são raros os corajosos que se atrevem e a eles sou muito grata. aos covardes, vitamina d não vai resolver depois que eu morrer. o que conforta é saber que faço bem a quem quero bem, em dias inusitados e situações inesperadas. viver é uma barra que a gente precisa se ajudar a segurar. então... respira mais que eu respiro mais, ok?

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

minha voz não é grave e linda

já faz algum tempo que eu ando cansada, bem cansada de ser diferente. não sei bem se eu queria exatamente ser normal como essas pessoas cinzas que especulam sobre as tramas do sucesso e meu mundo particular, mas eu queria ser um pouco menos diferente. um pouquinho só mais comum e ter com quem me identificar. é ruim ficar sempre solitária no final das contas. não aguento mais. mas não quero a fama que vocês me dão, renuncio a este meu reinado, muito obrigado. eu quero só viver (BEM!) do meu talento e habilidades e encontrar um amor (tranquilo mas com sabor de fruta mordida, sabe como é, né?) que me ame também e no tempo certo. plantar discos de domingo e meus amigos na casa no campo e beber cerveja de frente pro Mar. minha filha de cuca legal para pentear e cachorros para passear. às vezes, eu só quero descansar.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

sal na ferida

hoje eu queria que, por um acaso do destino ou ação da força estranha, você aparecesse aqui, na minha porta. podia até mesmo ser com aquela cara de quem não sabe o que quer que eu abomino. hoje eu não quero ser salva, e tudo te destrói. eu só queria passar umas horas ao seu lado, e conversar. longe de mim ser frágil e pensar te roubar de alguém. pelo menos hoje não. eu sei que eu me enganei até aqui e quero botar um ponto final. podemos (re)começar assim? tudo que você faz me dói demais e o que você traz escorre e morre. e eu sei que tem que morrer pra germinar e que todas essas intuições e coincidências e as voltas todas que a nossa história dá me fazem pensar que o meu destino é você. saiu nas cartas, bebê! e talvez isso seja de outras vidas, pra outras vidas, vai saber... eu só queria mesmo era resolver e poder descansar no fim. botar sal na ferida pra ela cicatrizar. e pra seguir em paz blefando que o limite é o chão mesmo com tudo me empurrando a sonhar. poder acordar pra realizar, já que você escolhe nem dormir a cada telefonema meu. hoje eu ia gostar se você ligasse bêbado, no meio da noite, pedindo pra piscar a luz pra você me achar. te chamaria pra subir, te convidaria pra entrar e poder te perder direito, de vez. pela última vez. pois se perde mesmo muita coisa. muita coisa é pra se perder... como eu, e como você.

sábado, 18 de novembro de 2017

Carta de amor (ridícula)

Toda noite
Eu fico esperando dar meia noite pra jogar tarot
Eu não penso em correspondência
Eu não penso no seu amor
Eu sigo sempre em frente
E quando sinto muito calor minha pressão cai
Feito a noite cai no meu cobertor
E toda noite eu espero dar meia noite
Pra jogar tarot

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

a resposta certa

deitei pra sonhar com você - ando com essa mania -, reli nossas primeiras conversas. acho que curti alguma coisa sem querer - maldita função idiota do messenger! -, tomara que não chegue nenhuma notificação pra você. fucei a mídia guardada na memória. achei vídeo com o nando. entrei no instagram. você tinha visto meus stories - perdeu alguns tanto tempo sem entrar -, o nando tinha lançado disco novo. fui ouvir, e lavar a louça me fez parecer estar num clipe indie triste. é, eu consegui. eu consegui perder meu grande amor. respondi 1 quando a resposta certa era o 4. mas pode ser que daqui a algum tempo eu tenha 30 e uma festa espera por mim. vou lavar o banheiro ouvindo o nando e fazer as unhas, enfim. siga os vaga-lumes na escuridão, quem sabe eles - ainda! - possam trazer você pra mim...

domingo, 5 de novembro de 2017

sexto sentido

esbarrei nele seis vezes
seis vezes quis me apresentar
todas as seis, precisei me apressar
e deixei escapar

quem é você, moço do sexto andar?

sábado, 4 de novembro de 2017

vinte e oito

o tempo passa. as coisas mudam. a vida segue e não é nada daquilo que o cinema mostra. a não ser pra mim. minha vida é um videoclipe e eu sou quase famosa. talvez eu tenha divagado enquanto ouvia uma canção, no rádio, ou lia algum poema barato. os amores são todos voláteis. bem mais que os meus. as pessoas, levianas, como me julgam ser. e aquele amor eterno, certeiro, necessitado de ajuda para a conquista, acaba mais rápido que uma latinha de refrigerante. por falar nisso, lembrei agora da minha primeira aula no ensino médio: meu professor de geografia comunista (que ainda me segue no instagram) citando engenheiros do hawaii. pelo visto a quinta formação estava certa, não é mesmo? irônico, no mínimo. faz muito tempo já, nem um ano chegou a durar aquele tal amor de afogar que a sua intuição te fez buscar. pode ser que daqui a algum tempo eu tenha 30. vinte e oito anos tenho ainda. vinte e oito, o dia. dezembro, o mês. o ano, o passado. dois mil e dezesseis. antes disso você não sabia quem eu era (mesmo eu sendo quase famosa, vê se pode!). mas isso foi há muito tempo atrás, você me disse, ninguém se lembra mais. agora tudo mudou, é verdade. nosso amor foi um gif. um clipe, um flash. ligeirinho, pá-pum. e qual seria a graça de conquistar algo ou alguém senão lançar mão? as canções populares e os poetas rasos continuam tendo razão. meu coração, não. o tempo ainda passa. as coisas sempre mudam. a vida segue e eu nunca sei nadar nem nada. só tenho como ir de Mar, com meu barquinho de papel (em chamas), recomeçar.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

sobrou pra mim (ou ok ok)



o que sobra é falta,
ausência pura

dívida,
gente incompleta
e duvidez

sempre sobro pra vocês

e aumento o vazio
em mim

hoje, não podendo mais ser assim
pego o barco e recomeço

vou buscar o que mereço
e é só meu:

eu

(foto do meu amigo Téo Nicácio)

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

O nome dela aqui (Sem as vogais)

numa badzinha de verão em plena primavera,
te escrevi essa canção

a lua está comigo na janela,
já você, não

por onde andarás (com ela) as suas mãos?
a tentação me leva a crer que o nome dela rima com você

vou me conter

borrar a minha maquiagem não vai te trazer aqui
e aquela força estranha você não vai compreender

pelo menos enquanto for medo
e a ameaça

de um anel no dedo me fizer sumir

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Vômito (ou o nome que o Leo escolher)


Se pra ter você eu tiver que morrer, pode preparar o meu epitáfio.
Me acabar por ti vai ser um prazer e eu não quero ser solitário e vivo.
Parece castigo não poder gozar do seu sexo e sigo.
Culpa de um amigo (que eu não vou mais ter). E eu aqui, comigo,
pensando em foder (mesmo que pra isso tenha que morrer!).
Se, a sete palmos, nossos corpos calmos se entrelaçarem,
minha vaidade vai ser só saudade do amor que eu não pude viver.

Se pra ter você eu tiver prazer, vem gozar comigo!
Me foder contigo vai ser um morrer e eu não quero ser um amigo vivo.
Parece epitáfio eu não ter castigo e eu não vou mais ter sexo e abrigo
(mesmo aqui, comigo, pensando em foder).
Se a sete palmos nossas vaidades se entrelaçarem,
a minha saudade vai ser o amor dos corpos que eu não pude ter.

Perdi a vida por você.

(Foto: Téo Nicácio)

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Amanhã é 23

Aquele ano tinha copa do mundo.
Eu já não ligava tanto pra isso, desde 98.
Eu tava na aula de artes fazendo bandeirinhas quando o diretor me pediu "emprestada".
Minha aula favorita.
Minha tia me levou pro hospital e tudo que eu me lembro de ter visto foi minha mãe chorando.
Detesto hospitais.
Lembro de tentar segurar o choro e ser forte.
Agora eu choro mais.
Lembro do sangue no chão.
Na escada, no corredor, no banheiro.
Colorindo tudo de vermelho.
Minha cor favorita.
Lembro da minha tia pendurada no telefone e que eu não quis mais dormir.
Eu nunca mais dormi.
Lembro do meu irmão, muito esperto e maduro entendendo tudo e digerindo silenciosamente.
Bernardo, eu não sei jogar.
Lembro da casa cheia e de quase não ver minha mãe.
A gente não precisa se ver pra se amar.
Lembro que faltavam oito dias para o fim do mês.
Naquele ano ele acabou no 23.

terça-feira, 11 de abril de 2017

Futebol e videokê (ou Blasé)

Levei um fora.
E agora? Vou sossegada e assobio
E é porque eu confio em seu carinho
Mesmo ele vindo num tapa (na cara!).
Repara: Doeu por ser bem verdade
E, mesmo blasé, quero bem mais que sua amizade.
Se eu não demonstro não é por mal, me desculpe
Disfarço romantismo com grosseria, na verdade
Ok, me culpe e se vá
Eu fico com a saudade.

domingo, 9 de abril de 2017

mudo

eu tenho mesmo muita sorte
e a magia como norte
cada meu sonho acontece
e nada mais me entristece que você

não há problema em chorar se não doer
eu sempre vejo sofrimento no prazer e nunca sei como te dizer que

tudo isso é pra valer
eu não pude ficar porque gosto de você
eu esperei esse momento de te ver
inventei de comer pizza pra gente ficar junto mais um pouco
gosto um tanto do seu nariz e de quando a gente fica louco
não corta seu cabelo não
vem cá, me dá a sua mão!
vão ali na padaria de roupão?
usa minha blusa, estaciona o violão
me perdoa a grosseria
eu me apaixonei quando você ria
tirei fotos ruins de você
e os vídeos que fiz não vou te deixar ver
não vou esquecer daquela noite
eu não sei dançar sem você
planejei várias vezes tudo isso te dizer
quando chega a hora eu nunca sei o que fazer
queria que você largasse tudo
fica comigo outra vez
briga comigo não
toca aquela canção do videokê
o que é que a gente fez?
vamo prum buteco?
amanhã você pode voltar pra me ver
e comer
queria não emudecer
se você quiser eu mudo

quinta-feira, 9 de março de 2017

meditação

(dá o play e lê ouvindo)



eu tô cansada de te responder
eu tô cansada de esperar você
tô com preguiça de te entender
eu já não sei mais o que vou fazer
eu vou surtar e te morder

não vale a pena eu me debater
eu vou fechar meus olhos e tentar meditar
te imaginar aqui preu te foder,
gritar

que é pra você ir se danar pra lá

tô nem aí pro que cê vai pensar de mim
nem foi início isso e já chegou o fim

segunda-feira, 6 de março de 2017

nosso estranho amor mais que discreto (ou uma ilusão à toa)

dança comigo
que eu sei que você sabe que eu não vou ser seu amigo
e os meus motivos pra sorrir:
sua mão no meu veludo
e seu suor escorrendo em minhas costas nuas, molhando tudo;
as nossas pernas misturadas sem saber pra onde ir...
e quando a gente girar, pode rir
de mim,
da gente,
do momento quando os outros se embaraçam na avenida.
ofegantes.
tomar uma cerveja no bar
pro calor passar (ou aumentar),
puxar uma cadeira pra vida,
deixar o carnaval se eternizar.
na volta pra casa, cantar
e respirar mais, ok? ok.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

bruta como antigamente (ou selvagem)



todo amor é estúpido
e o meu amor é mais.

desde que me entendo por gente que eu não tenho paz

eu nunca vi amar suave
e muito menos o mar

talvez por não ser leve é que posso, disso, me sustentar

o afeto que te dou é - quase sempre - no intuito de machucar
e se ele for num tapa, ainda é carinho, pode confiar!