sábado, 31 de outubro de 2015

Se der (ou Desisto)

Só pra você saber, eu desisti de você
Mesmo depois de você se mostrar perfeito pros meus planos
Agora já pode correr, nadar livre no seu mar
Tentar pescar você foi um tremendo dum engano
As nuvens desmancharam os desenhos que fizeram pra te ver
Entenderam que nenhum deles era prioridade
Também eu não vou voltar pra te olhar
Pra subir tão alto já não tenho mais idade
Não tenho vontade de jogar meu anzol em outras águas
Peixe teimoso deixou saudade
Não vou largar meu café nem chorar mágoas
Melhor a distância onde ninguém sofre ou se debate

"Adeus, um beijo pra você.
A gente se vê!

Se der."

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Deixa eu bagunçar você (ou Imunização irracional)

Tá trovoando muito
Eu não aguento mais
Não sei se ainda prefiro você a ficar em paz
Tenho tentado ser meiga e objetiva
A tal faca na manteiga, até demais
Não vasculhar a sua tralha que metralha e bagunça a minha cabeça
Quando eu encontro, no portão da sua casa, no bairro, a calmaria e o silêncio
E posso ouvir meu coração bater forte, em seu peito
Que abriga a dureza incrível do seu, na minha mão, que eu queria tanto fazer em pedaços
Mas não
Me angustiam os espaços vagos entre nós e a distância que existe quando estou a sós
Me restam apenas pés descalços caminhando nas nuvens e meus dedos, tentando desatar os nós e fazer laços eternos e ternos, simplesmente
Afeto e café solúvel
Mas vejo você displicente e um tanto volúvel
Minha grama parece não quebrar sua calçada mas faz em você minha morada
Não quero precisar me atirar da sua sacada no mar bravio dos seus receios
Sem saber nadar nem nada
Pra que você venha me resgatar e fazer em meu seio seu abrigo
Deixa de se debater e fica comigo

domingo, 25 de outubro de 2015

Truques com facas e danças macabras

Disse que ia dormir
Havia se cortado muito por hoje
Bastava o sangue que escorria
Jorrava ciúme que doía
Não se lamentava, seguia
Estava viva e isso bastava para que se cortasse mais

No outro dia sentiu paz
Foi trabalhar, capaz
No fone ouvia uma canção de amor
Lembrou do cheiro do seu cobertor
Sentiu saudade da boa e algum rancor
Estava curada e isso bastava para que se jogasse novamente

Sem saber voar
Abriu as asas e foi se atirar no abismo
Apesar de todo cinismo
Bateu asas e voou pra longe
Onde os truques e a dança pôde recomeçar

Esse texto deveria se chamar imunização racional

Sim, o que diz a música do Tim Maia deveria ser o nome do que acabei de ler

Será que atingiu o bom senso e é assim tão frio quanto penso?
Ou está apenas se defendendo e fechando o peito?

Respeito sua posição e não me interessa partir seu coração
E... é tão difícil não pensar em você quando escuto essa canção!

Longe de mim pensar te roubar de alguém, mesmo de ti
Só acho que não combina essa dureza com o que vi e vivi

Rezo pra que os braços queiram arrebentar sua defesa
Sei que me afastar não me ajuda a sair ilesa
E no fundo eu sempre quero mesmo é me cortar nesses truques que faço com facas

Amoladas demais
Descuidada demais
Navio pirata sem cais

Aportei um instante e me entrego
Mergulho fundo mesmo sem saber nadar, não nego

Estou aqui pra me machucar
Seus bravos mares navegar
Porque não me imunizei racionalmente
In-feliz-mente

sábado, 24 de outubro de 2015

Facas e tatuagens (ou Circo pegando fogo)

Braços fortes, tatuagens
Os meus cortes, suas viagens
Novos esportes, o doce da vida
Um outro norte, a tal subida
Pequena morte, o meu batom e o lado bom

Todas as coisas e as nuvens no céu aberto do seu olhar
Milhões de motivos preu não me preocupar
Sorte de cara, insegurança a me dominar
Uma rima rara, o mundo a rodar e a gente seguindo sem pressa, a dançar

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Esperando Godot II (ou Entendendo o absurdo)

Não adianta esperar por um Godot que não virá
Não adianta falar o que em mim não se pode deter
Não escutarei você me amar nem poderei ignorar a confusão
É muito difícil calar um coração
Fácil não é vencer a defesa
E disso tudo não sairei ilesa

Que sejam então as coisas que quiserem ser
Vou sem me conter

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Refrão ruim

Por aqui tá tudo diferente
Você precisava entrar e ver
E mesmo que quebrar a porta não me contente
Com a bagunça que deixou posso viver

Você entrou e de repente
Fez o caos acontecer
Me disse adeus tantas vezes
Que eles não puderam ser

Não importa o quanto andes
Estarei sempre com você
Assombrando suas noites
Te matando de prazer

Se você quiser ficar
Sabe bem onde me achar
Por mais que eu tenha me mudado
Ainda moro naquela boca que vai te matar

Com minhas canções de dizer adeus

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Old boy (ou Tatuagens)

Hoje eu senti saudade
De ver filme com você

Hoje me deu vontade
De o pedaço duma asa ter

Hoje eu só queria te ver
Ao chegar em casa
E entregar ao teu
Meu corpo em brasa

Me abraça