quarta-feira, 27 de abril de 2016

Ia(nsã)


Eu
Ando te querendo mais que deveria
Pensando em você desde o raiar do dia
Da primeira manhã em que eu acordaria
E te diria
Meu
Como tu não és nem poderia
Onde não estás e eu não saberia
Toda sua cor eu decoraria
E assim seria
Seu
Como pude ser enquanto sorria
E te demonstrar ser só calmaria
Sem te avisar que derramaria
Em ti
Toda a minha ventania

(Foto: Téo Nicácio)

segunda-feira, 25 de abril de 2016

(M)Ar (Peixe fora d'água ou Do aquário)


Algum tempo estive a esperar
Que você viesse com seu barco me procurar
Nas bravias ondas desse sentimento que tentaram me afogar

Aqui, onde meu barco de papel está a desmanchar

Invento sinais para - até seu porto - me guiar
Procuro seu cais - neste sufoco - para aportar
Às vezes avisto - e fico louco! - o farol para me iluminar
Mas me perco - pouco a pouco - nas suas ondas e não sei navegar
Neste mar onde as mensagens de náufrago não chegam e você nunca pode ficar

Meus navios vou queimar.

(Foto: Téo Nicácio)

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Eles passarão, eu passarinho


Se eles passarão, eu passarinho.
Com muito medo e tesão, bem devagarinho.
Como me cresceram as asas, rasgando quente a pele,
Peço apenas que a verdade se revele
E, assim, possamos seguir pelos ares,
Enfrentando os dragões desses bravios mares...
Voando raso sem nos afogar,
Porque agora que criei asas, eu já sei voar
E nenhuma mentira irá me calar!
A esperança reside em mim feito a criança sorria
E, por mais triste que seja esta noite,

Amanhã vai ser outro dia.

(Foto: Téo Nicácio)

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Cinco de abril


Eu, racional
Sem parar de falar
Imergi na camisa que te veste
Te guiando no caminho que vieste
E, natural
Te abri a geladeira:
Estava ali a vida inteira...
Você não entendeu a brincadeira

Vou ter que te ensinar a cozinhar.

(Foto: Téo Nicácio)

terça-feira, 5 de abril de 2016

Sussurro (ou As paixões passam e as canções ficam)


A cada quinze dias (ou menos)
Eu descubro um som novo, ao menos.

E aí o tempo para
Pr'eu ouvir
Repara:
É como se estivesse aqui

A emoção é sempre a primeira
A poesia da letra me parece brincadeira
A melodia bate em mim feito um murro

E eu sussurro:
Volta pra mim que eu te aturo!



(Para Luís Capucho e Vitor Ramil)
[Foto do Téo Nicácio]