domingo, 24 de junho de 2012

No meio do caminho

Um dia
Eu vou olhar pra trás e poderei pensar tranquilamente
Eu vivi!
Somente.
E foi no centro da cidade

Sei de cor a cor daquelas pedras
De cada esquina eu guardo todas as setas
Entre os carros e as pessoas permanecem os sorrisos
Raros
E cada uma das vezes que quase fui atropelada

Hoje apenas sou lembrada
Pelo nome rabiscado
No cimento fresco da calçada

Sou o momento de atenção no cruzamento
Quero a ação
E no coração nenhum tormento

Continuo atrasada
Qualquer canto é minha morada
E eu não lamento
O sentimento
Que hoje é nossa caminhada

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Paz: ciência

Um mar de possibilidades se abre à minha frente todos os dias. Um porto (sei lá se seguro) me acena, distante e eu sigo adiante. Muitas ondas tentam me afogar, há muito ainda o que navegar e tempestades me assolam constantemente. Vez ou outra encontro ilhas paradisíacas que me permitem descansar. Um encontro de amigos, uma cerveja geladinha, uma noite de sono e amor com meu namorado, risadas domingo de manhã, fofocas no telefone com a minha mãe, meu irmão de bom humor, chocolate no estoque, mutirão e cobertor. Creio que são essas coisas as de Deus, a força que ele me manda, o que me faz suportar e continuar a nadar. Um dia, vou aportar e gargalhar. Até lá, todo dia uma onda ou mais eu vou pular, sem desanimar. Paciência, ter paz deve ser uma ciência.

(In)sensibilidade

Quatro meses atrás eu hipnotizei um cara que, dias depois, eu beijei, numa situação inédita. Naquele tempo eu não trabalhava e bebia e falava demais. Saía demais. Dava liberdades demais pra amigos demais que eram, na verdade, amigos de menos. Eu dividia o apartamento. Eu vivia um tormento. Eu era feliz mesmo assim. Eu me envolvi com o tal carinha. E passei o carnaval pensando nas besteiras bonitinhas que ele me dizia. Me deixei, por ele levar e comecei a me apaixonar. Me permiti, novamente, amar. Hoje ele é um tosco, insensível que me mata de rir toda manhã de domingo. É um dos meus melhores amigos e me faz feliz mesmo quando beija meu umbigo, só pra rimar. Ele tem o dom de me encantar e irritar e, com ele, adoro me embriagar. É dele o cheiro que eu mais gosto, o ombro onde me encosto, a mensagem que espero chegar. É com ele que eu quero todo dia estar, dormir, acordar e sonhar.