segunda-feira, 14 de novembro de 2011

23

Foi há 23 anos. Desci no palco da Terra. Desde então foi tudo musical. Cinematográfico. Simples, mas extremamente rebuscado. Tímida, mas espalhafatosa. Torre de Gaudi, eu. De um lado boemia, cultura brega-romântica-popular, barba aparada, pele branca, unhas grandes e fortes, camisa de botão, cigarrinho e chinelos havaianas. Talvez um violão, não sei bem ao certo.Do outro, palavras sem fim, livros, revistas, retalhos, tesouras, Deus. Tios, discos, lambada, violão, pão. Doces, bicabornato pra dor de cintura, cabelo liso pra varrer o chão, narizinho empinado, lábios carnudos, batom vermelho. No meio disso tudo, eu, resultado disso tudo. Isso tudo. E, com o passar dos anos, isso tudo e muito mais. Hoje sei que tudo o que passei, todas as dificuldades, todas as loucuras (minhas e da minha mãe também), tristezas, alegrias, superações, vitórias, conquistas, beijos e abraços e carinhos, e brigas também, foram o caminho. O que me trouxe até aqui e o que me faz ser a Camila que vocês conhecem hoje. Todo mundo, ainda que de passagem breve, faz agora parte de mim e eu sou grata. Mesmo quando foi ruim, me foi útil. Viver é assim mesmo, às vezes bom, às vezes ruim. Mas tudo serve. Aprendi e venho crescendo com todas coisas complicadas, que me obrigam a sair da zona de conforto e lutar pra seguir em frente. Fiquei forte. Aproveitei e ri, cantei, chorei, brinquei, amei, nos momentos bons. Fiquei frágil. Sou forte e frágil, isso mesmo. Sou toda emoções. Sou toda sensibilidade. Sou Batista, antes de tudo. Vivo do que me move, em geral a arte. Vivo bem, livre e leve. Feliz nas coisas simples. Tentando ser melhor e aprender todo dia. Errando e acertando também. Hoje, desejo a mim tudo o que desejo aos meus amigos amados. Que eu seja feliz diariamente, nas coisas simples, como de fato já sou. Que eu saiba aproveitar o sol, a chuva, e as nuvens. Que eu envergue mas não quebre. Que eu leve a vida tranquila, mas não sem sonhar. Que eu faça as coisas acontecerem e não fique apenas esperando aviões. Que minha vida seja sempre uma surpresa, porque é preciso aprender a lidar com o imprevisto e o improvável também. Que eu aprenda, todos os dias, com os meus erros e os dos outros. Que eu não precise perder pra amar. Que eu não tenha medo de declarar meus sentimentos aos quatro ventos. Que eu saiba enfrentar o medo do novo, e siga em frente, corajosa. Que as portas se abram, e que eu saiba fechar as que se fizerem necessárias. Que minha janela sempre tenha vento, café, sol e sonhos. Que o horizonte seja sempre belo, é o que espero. Que meus cadernos não se percam, e que eu não os destrua num momento de ira breve. Que eu controle minha cólera e deixe o sangue falar mais alto. Que o escorpiano aprenda piano. Que meu violão seja tocado constantemente pelos que amo. Que minha toalha de piquenique experimente a grama dos parques e praças. Que eu me dê pequenos prazeres, de segunda a segunda, sem culpa. Que eu cante e dance, sem vergonha, e chore também. Que meu sorriso provoque outros. Que meu bom dia seja bom pra todos que cruzarem meu caminho. Que a dancinha na rua, mercado, praça, seja acompanhada por todo aquele que quiser ser feliz. Que sejamos todos felizes, sabendo que felicidade é só questão de ser e, só depende de você. Que saibamos lidar com as perdas e com os obstáculos, com maturidade e serenidade. Que a beleza exterior permaneça, mas não supere a interior. Que novembro sempre venha com bons ventos e coisas novas. Que as mudanças sejam constantes e não me irritem pela obrigação de mudar os planos. Que eu ria, apenas, disso tudo, sem desespero. Que eu esteja sempre rodeada de quem é importante pra mim e que, nem a distância, nem o tempo, nem os caminhos da vida, me separem de quem eu amo. Que as viagens não necessitem de um meio de transporte e possam acontecer em qualquer lugar. Que nenhum carro passe por cima de mim quando eu tiver me divertindo sozinha pela rua, distraída. Que eu não pegue o caminho mais curto, mas o mais interessante. Que eu ande a pé, que eu coma bem, que eu ame e seja amada também. Que eu domine meu gênio difícil e machuque menos as pessoas. Mas que eu não deixe nunca de falar a verdade, claramente, e de ser espontânea. Que eu escreva mais e mais, mas que passe a mostrar isso pro mundo, dividir com quem quiser. Que eu estude, todo dia, pra sempre. Que eu trabalhe muito, naquilo que eu gosto e que, pra mim nem parece trabalho, mas diversão. Que eu não espere feriados e fins de semana, mas viva a segunda, a terça, a quarta, a quinta...todos os dias, como se fossem os últimos. Que seja tudo muito colorido, todo o tempo. Que eu viva, apenas. E espalhe vida por aí.

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